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O m�sico da banda de rock ga�cho Nenhum de N�s voltou a �bater ponto� em Ven�ncio Aires. Thedy Correa que vem ao munic�pio uma vez por ano desde 2014, esteve participando no s�bado, 20, da 56� Confer�ncia da Felicidade do Rotary Distrito 4680. O vocalista e tamb�m escritor palestrou para rotarianos e comunidade em geral, na Sociedade Ol�mpica Ven�ncio Aires (Sova).

Thedy Correa abordou o tema �O impacto da m�sica na vida das pessoas�, onde mostrou experi�ncias vividades pela pr�pria banda, com relatos de f�s. Dentre elas, sobre a m�sica �Camila�, que alerta sobre a viol�ncia sexual.

Uma carta recebida de uma menina de 12 anos de idade durante um show do grupo em Caxias do Sul � uma das marcas, onde a garota conta sobre a perda dos pai aos 8 anos e quando foi morar com a m�e na casa do novo namorado. A partir de ent�o o padrasto come�ou a abusar dela. �Ela passou a sofrer preconceito de outras pessoas e ficar reclusa em casa, quando nos relatou que o �nico amigo dela nesse per�odo era a banda Nenhum de N�s, pois as letras conversavam com ela�.

Junto a outros exemplos, Thedy Correa mostrou a import�ncia de que as m�sicas fa�am sentido para as pessoas. �Hoje a m�sica brasileira est� devendo nisso. O artista tem que fazer pensar�. Em entrevista ao Ol� Jornal, o m�sico porto-alegrense destacou seus conceitos sobre felicidade, esse impacto da m�sica sobre as pessoas, realidade pol�tica atual no Brasil e seus projetos com a banda e individuais.

Ol� Jornal � O que � felicidade do teu ponto de vista?
Thedy Correa � A felicidade � quando tu consegue atingir alguma coisa que tu se prop�e a fazer ou que tu se prop�e a obter e o resultado supera positivamente. Assim como a gente n�o passa a maior parte do tempo triste, a gente n�o passa a maior parte do tempo feliz, mas a gente persegue a felicidade e n�o a tristeza. A fam�lia � algo que me deixa muito feliz, a proximidade com ela, o carinho. O reconhecimento me deixa feliz tamb�m, do trabalho e n�o de ser reconhecido na rua.

O que tu acha que falta para as pessoas hoje em rela��o a busca da felicidade?
Tem uma quest�o que � fundamental, pois a sociedade em que a gente vive, ela associa felicidade a bens materiais. N�o que eu seja um cara de esp�rito elevado. Aprecio a filosofia budista no sentido de que as coisas que valem a pena na vida elas n�o s�o coisas que a gente compre. N�o s�o bens que a gente adquire.
As pessoas precisam ter no��o de que o que importa s�o coisas que a gente atinge sem gastar nenhum centavo, mas apenas com a nossa dedica��o ao esp�rito, as boas a��es, construir um equil�brio. S�o coisas que devemos fazer sem depender dos bens materiais. Se tiver que corremos atr�s do dinheiro e bens materiais a nossa felicidade � uma felicidade falsa.

Qual tua vis�o como m�sico/artista, do que hoje a gente vive no nosso pa�s?
Eu acho que houve uma ruptura democr�tica e os acontecimentos da �ltima semana provam isso, onde a vontade do povo, ela de alguma maneira, sofreu um desvio de caminho e isso a gente v� no tipo de interesse que motivavam as pessoas que est�o hoje sendo reveladas, como pessoas que at� ent�o se julgavam honestas e que s�o o mais detest�vel tipo de pol�tico. � aquele que n�o busca o bem do cidad�o, da sociedade e que busca se lucropretar com o dinheiro p�blico e benef�cios.
O Brasil ele est� passando por um momento muito delicado em rela��o a ruptura desse tecido democr�tico e tamb�m dessa reconstru��o da autoestima. Acho que devemos ter uma li��o muito s�ria e importante em rela��o a isso. Quando se fala �ah, todos os pol�ticos s�o iguas�. N�o, nem todo pol�tico � igual, nem todo taxista � igual, nem todo m�dico � igual. E se a gente v� coisas que a gente condena nos pol�ticos, a gente precisa olhar ao redor e n�s como cidad�os podemos estar fazendo as mesmas coisas e detest�veis, tipo a quest�o do leite e da carne, que n�o tinha nenhum pol�tico envolvido. Ent�o precisamos olhar para sociedade de maneira muito cr�tica. O Brasil precisa fazer essa autocr�tica e se dar conta que os pol�ticos s�o um extrato da sociedade que a gente construiu.

Tu prev� dias melhores? Acha que vamos crescer com isso como na��o?
Se a gente nesse momento n�o lutar pra que volte pra m�o do povo essa capacidade de decidir, as coisas n�o v�o andar bem. A gente viu o que � nossa C�mara dos Deputados. Aquela vez que teve a vota��o do impeachment foi um espet�culo grotesco. Todo mundo concorda com isso. Pessoas que hoje se sabe que receberam dinheiro pra votar como votaram, ent�o a gente tem que pensar que o voto ainda � nossa �nica arma e ferramenta pra manter a sociedade sadia e votar melhor pra n�o colocar l� pessoas que n�o pensem no bem comum.

Como a arte no meio desse contexto pode colaborar e como ser fazedor de arte no meio desse contexto?
Acho que a arte tem que sempre lutar pela liberdade, pela reflex�o e pela consci�ncia. A liberdade de escolher. Se tu vai votar no Bolsonaro tu tem que ter essa liberdade, se tu vai votar no Jean Wyllys tu tem que ter essa liberdade. O artista tem que lutar pra que essa liberdade seja preservada, mas a consci�ncia � fundamental e saber que depois que tu escolhe e vota, tu tamb�m � respons�vel pelo que vai acontecer.

E a banda Nenhum de N�s, como est�o os trabalhos, a estrada, o que se pode esperar?
Estamos ainda comemorando os 30 anos, lan�amos a biografia, lan�amos um vinho do Nenhum de N�s, camiseta comemorativa, os quatro primeiros discos lan�amos no servi�o de streaming e a gente ainda vai fazer coisas pra manter esse cunho comemorativo dos 30 anos.

E os projetos do Thedy?
Sai livro novo ainda esse ano, at� outubro, em parceria com Renato Guedes que � um artista pl�stico e sempre seguindo firme pela causa da leitura, que na minha maneira de ver � a �nica ferramenta que n�o existe discuss�o, no sentido de que qualifica o cidad�o.